Hoje cheguei a um limite como Brasileiro: saturei de remoer as milhares de frustrações e indignações cotidianas, engolindo em seco cada vez que algum esperto ou politico, ou designer de produtos, ou estrategista de marketing, ou financista me passava a perna nos abusos cotidianos a que somos submetidos.
Brasileiros são boa gente, gente boa mesmo, seres humanos amigáveis, alegres, povo feliz. Mas este pacifismo cultural nos embota a alma, embolora os pensamentos e permite uma sucessão quase infinita de absurdos serem perpretados contra nossos bolsos, nosso bem estar e nossa dignidade. Por tempos busquei dar vazão a esta justa indignação cidadã em foruns, através de reclamações nas linhas 0800, ou apelando aos ombudsmans, protestando nas agências públicas e denunciando a jornalistas, que conheço muitos...
Mas nada disso surtiu efeito duradouro ou mesmo qualquer efeito. Percebi com horror o complô que arrasta quase todas as instâncias onde o cidadão poderia reclamar à vala comum da mediocridade, do conluio e da corrupção, da mentalidade atrasada. Imiscuiu-se subrepticiamente em nosso inconsciente coletivo a frouxidão com o errado. No Pais do "deixa disso" e das "pizzas", quem reclama é mal visto. Ou é aquele brigão, desprezado como criador de caso, ou é o trouxa que quer fazer as coisas "certinhas". Em qualquer caso, exigir os direitos da cidadania "neste Pais" parece suscitar uma intolerância cultural que desestimula a busca dos direitos, gera uma moleza inaudita com a sacanagem e uma condescendência escrava com o achincalhamento da ética e dos direitos mais fundamentais.
Então decidi fundar este blog, onde vou relatando a nossa virtude maior, a bondade, um precioso traço de nossa Brasilidade do qual devemos nos orgulhar. Mas também vou revelando, do meu ponto de vista, cada abuso a que somos submetidos, exatamente por termos esta virtude. Não pretendo que perdamos a jóia da bondade, mas de que acionemos nosso senso de justa indignação, que fortaleçamos nosso sistema imune para superarmos em nossa sociedade a mentalidade de escravos. Enquanto houverem aqueles que levam vantagem, enquanto a burrice for premiada, todos perdemos. As sociedades mais justas, ricas e afluentes do mundo conseguiram se livrar da praga da corrupção, os cidadãos ditam com suas aspirações, bom gosto e senso de justiça quais produtos serão oferecidos. Quem abusa tem pouco espaço por lá ou dura mto pouco tempo no mercado. Minha esperança é que meu clamor neste blog encontre eco nos Brasileiros, e que daqui e de muitos outros blogs possamos emitir pensamentos concentrados, como as espadas laser dos Jedis, contra a doença social que nos corrói, nos mantêm no atraso e impede o Brasil de ocupar o lugar que merece no concerto das Nações.
Com cada artigo aqui pretendo modestamente revelar o que vejo de errado, atrasado ou mal intencionado no meu dia a dia de classe média, o estrato social que mais paga impostos. Serão críticas desde a um veículo que comprei porque as "revistas especializadas" somente elogiavam, até à prefeitura da cidade onde moro, no terceiro municipio mais rico do Estado de São Paulo, que não é capaz de aproveitar, para transformar a cidade num modelo de eficiência e inteligência, o estoque fantástico de engenheiros e cientistas que labutam nas empresas e instituições daqui. Minha proposta é de relatar criticamente com olhos de águia, mas não me furtarei de emitir minha opinião e propor soluções e alternativas. Faço isso primeiramente como cidadão, registrando no conciente coletivo da internet um brado de protesto qualificado. Mas faço também como um profissional de ciência que foi formado e preparado com recursos públicos para elaborar o conhecimento e retorná-lo para a sociedade de maneira útil. É portanto parte da minha missão profissional buscar o saber, tentar acender as luzes e encontrar os caminhos para fora do caos. Militar neste blog é meu esforço para sair do forte apache da academia, misturar-me na rua com meus honrados semelhantes e lutar pela conciência de um povo na direção da iluminação, felicidade e realização.
domingo, 13 de dezembro de 2009
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