segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Belo Monte: a usina que virou um monstro

26/9/2011 - 09h55

por Lúcio Flávio Pinto*

1233 300x192 Belo Monte: a usina que virou um monstroA

Amazônia tem a maior bacia hidrográfica do planeta, que drena rios espalhados por três milhões de quilômetros quadrados, com 8% da água superficial da Terra nesse circuito. Apesar disso, a possibilidade de gerar energia em grande escala na região sempre foi encarada com receio ou desconfiança.

A fronteira energética amazônica fica distante pelo menos dois mil quilômetros dos principais centros consumidores. Levar energia até eles exige geração em grande escala e extensas linhas de transmissão em alta tensão. Sem essa combinação, o empreendimento não se torna econômico.

Mas não basta montar uma equação viável comercialmente e sólida como obra de engenharia. As características naturais amazônicas são adversas a intervenções humanas desse impacto. Os rios são de planície, com baixa declividade natural. Represados, suas águas voltam sobre seu curso, submergindo áreas extensas. Os danos sobre um vasto conjunto de riquezas biológicas são elevados e profundos.
Até 1973, imaginava-se que apenas barragens de baixa queda seriam construídas na Amazônia, para atender demandas localizadas, próximas do aproveitamento energético. Nesse ano, o governo federal criou a Eletronorte e decidiu mudar a abordagem. A Amazônia teria que fornecer energia abundante e transmiti-la por longas distâncias até os centros mais desenvolvidos do país, que, assim, continuariam a ser os mais desenvolvidos (e a Amazônia permaneceria como fronteira, ou colônia).

Com essa visão, o regime militar construiu a maior (Itaipu, no Rio Paraná, no extremo meridional do país) e a quarta maior (Tucuruí, no Rio Tocantins, no Pará) hidrelétricas do mundo. Itaipu é considerada uma das sete maravilhas da engenharia moderna mundial. Tucuruí tem o maior salto em esqui já edificado pelo homem (a água que sai pelas aberturas da barragem, depois de movimentar as turbinas).

Os danos socioambientais das duas usinas não podem ser minimizados. Se Itaipu fosse concebida hoje, a sociedade brasileira aceitaria que ela causasse o sacrifício das cataratas de Sete Quedas, que proporcionavam aos visitantes um dos espetáculos mais deslumbrantes da Terra? Tucuruí teria aprovação ambiental para submergir uma área de 3.100 quilômetros quadrados, na qual surgiu o segundo maior lago artificial do Brasil? Só para comparar: o Lago Paranoá, em Brasília, tem 48 quilômetros quadrados.

No entanto, um quarto de toda a demanda nacional por energia é atendida por essas duas hidrelétricas, situadas em pontos inteiramente opostos no território brasileiro, separadas por mais de quatro mil quilômetros de distância. O governo, então, agiu certo ao construí-las, a despeito de seus ônus ambientais e sociais?

Não é fácil nem simples dar uma resposta consistente a essa questão. A legislação ecológica do Brasil só se consolidou a partir de 1981, quando as obras das duas gigantescas usinas já estavam bem adiantadas. Uma prova de que a consciência nacional sobre a natureza e os direitos humanos e sociais avançou é que nenhuma das duas obras seria agora licenciada conforme os projetos originais.
A decisão sobre esses projetos aconteceu na década de 1970. Vigia – e até hoje permanece em vigor – na construção de uma obra o princípio de que ela só passa a ter existência concreta quando sua viabilidade econômica é comprovada. A única alternativa para essa regra de ouro do capitalismo é o subsídio, exceção que lhe nega as melhores virtudes. É quando, mesmo sem poder se pagar, a obra é executada porque alguém assumirá o seu custo, sem se preocupar com o retorno do investimento realizado. Em geral, a exceção só ocorre quando o governo é quem paga a conta. Como governo não produz, a conta é repassada ao contribuinte, aquele que paga impostos.

O que define a rentabilidade de uma hidrelétrica é o seu “fator de carga”. Ou seja: a energia que ela poderá oferecer o ano inteiro. A média é tirada entre o pico da geração, quando há água para acionar todas as turbinas instaladas na casa de força (e ainda sobra para ser vertida de um lado para outro da barragem, sem passar pelas máquinas), e o mínimo do verão. Para que uma hidrelétrica amortize o que nela foi gasto, é preciso que essa energia firme varie em torno de 55% da capacidade nominal de geração.

Tucuruí socorrida pelo Tesouro

Como a diferença de vazão no Rio Paraná não é tão grande, o “fator de carga” de Itaipu é de 61%, acima, portanto, do ponto de equilíbrio. Por isto, a usina é rentável e sustenta o Paraguai, que divide sua propriedade com o Brasil (mesmo sem ter investido na obra).

Já em Tucuruí, a energia média é de 49%. Podia ser um pouco maior e talvez chegar aos 55% desejados. Mas, para isso, a crista da barragem, que é de 72 metros, teria que ser elevada. A inundação se tornaria desastrosa, mesmo sem chegar à catástrofe que foi a Usina de Balbina, no Amazonas, obra também do regime militar (com apenas 3% da potência de Tucuruí, inundou área equivalente a 80% do que foi submerso no Tocantins).

Tucuruí só não levou a Eletronorte à ruína porque, sendo estatal, foi socorrida pelo tesouro nacional. Seus prejuízos cresceram ainda mais porque as duas maiores clientes da Eletronorte, a Albras e a Alumar, duas das maiores fábricas de alumínio do mundo, ganharam tarifas subsidiadas (abaixo do custo de geração).

Instaladas em Belém e São Luís do Maranhão, as duas indústrias, agora sob controle multinacional pleno, são responsáveis por 3% do consumo nacional de energia. Os prejuízos da Eletronorte acabaram sendo absorvidos pelo governo e pela Eletrobrás, a holding do sistema. E repassados para os cidadãos.
As administrações democráticas do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e do operário Luiz Inácio Lula da Silva, seguidas pela companheira Dilma Rousseff, ao contrário do que delas se podia supor na época do regime militar, ao qual se opunham e pelo qual eram perseguidos, pretendem intensificar – e não arrefecer – a construção de mega-hidrelétricas na Amazônia. Parecem convencidas de que os benefícios dessas obras extravasarão seus custos. Vão corrigir os erros já praticados ou repeti-los, agravados?

O teste decisivo está sendo realizado na Amazônia, onde já estão em obras três grandes hidrelétricas, com potência global de 18,5 mil megawatts e investimento de mais de R$ 50 bilhões. Elas interrompem ou dão prosseguimento ao modus operandi do regime militar?

O “fator de carga” de Itaipu, a maior do mundo, é de 61%. A de Tucuruí, a quarta maior, ficou em 49%; por isso a usina do Rio Tocantins, no Pará, teve que ser subsidiada. O fator de carga na hidrelétrica de Santo Antônio é de 70% e na de Jirau, também no Rio Madeira, em Rondônia, é de 57%. Já a energia firme de Belo Monte, no Xingu, ainda em território paraense, está prevista para ser de 40%.

À margem do grosso tiroteio que o projeto tem provocado, duas perguntas elementares precisam ser respondidas: por que a energia média ficou tão baixa? E por que, mesmo assim, o governo decidiu levar avante o projeto?

Para que Belo Monte gerasse mais energia, seria preciso que a barragem fosse mais alta, para aumentar a queda de água na direção das máquinas e, ao mesmo tempo, estocar mais água no seu reservatório para o período de estiagem. Nessa época, a vazão do rio é mínima, insuficiente para acionar uma só das 20 enormes máquinas da usina, cada uma delas necessitada de 700 mil metros cúbicos por segundo.

Com isso, porém, a área de inundação de Belo Monte seria enorme. Alagar tanta terra sempre foi o calcanhar de Aquiles do projeto. Foi o que o manteve congelado durante mais de um terço da sua história, desde que o rio começou a ser inventariado (na segunda metade dos anos 1970, em pleno regime militar), por causa da reação da opinião pública a esse desastre ecológico.

A segunda barragem, de Babaquara, rio acima, concebida para regularizar o Xingu naquele trecho, foi cancelada. O lago de Belo Monte, que era originalmente de 1.600 quilômetros quadrados, foi reduzido a 510 quilômetros quadrados, seis vezes menos do que o reservatório de Tucuruí, o segundo maior lago artificial do Brasil. E a potência instalada de Belo Monte será de 11 mil megawatts contra pouco mais de 8 mil megawatts de Tucuruí. Uma relação energia/área inundada muito mais saudável, portanto.

Ao puxar o lençol do reservatório para cobrir a chaga ecológica do alagamento de terra, os técnicos criaram o projeto da maior hidrelétrica a fio d’água do mundo. Essas usinas são de pequeno ou médio porte justamente porque, sem reservar água para o verão, funcionam apenas com o que flui naturalmente pela bacia de drenagem. Param no verão.

Para quê construir uma enorme estrutura se no verão o vertimento natural será insignificante? É o que explica as duas primeiras hidrelétricas da Amazônia, construídas antes da era das gigantescas usinas, como Tucuruí, terem entre 30 e 40 megawatts, no Pará e no Amapá. Uma única turbina de Belo Monte terá 20 vezes mais potência do que as hidrelétricas de Curuá-Una e Coaracy Nunes. Engenhosos, os engenheiros buscaram uma alternativa. Já que não iam estocar energia para o verão, sugeriram que fosse aproveitado o desnível de 90 metros que há entre o ponto a montante do rio, onde ficará a barragem secundária (no sítio Pimental), de baixa queda, e a casa de força, a jusante, numa distância de 50 quilômetros. É aí que se localiza a Grande Volta do Xingu, um paraíso natural que os críticos de Belo Monte garantem que a usina destruirá.

Para a água descer com fluência, o projeto prevê a construção de canais de concreto na direção da casa de máquinas, aproveitando a drenagem natural. Este é o elemento mais polêmico da engenharia em si: esses canais funcionarão a contento? São seguros contra grandes impactos ambientais? Tratando-se de uma estrutura que utilizará mais concreto do que o aplicado no Canal do Panamá, não são questões irrelevantes.

Os desafios à engenharia, pelo contrário, são imensos. Tão grandes que o orçamento oficial de Belo Monte subiu de R$ 19 bilhões para bem próximo de R$ 30 bilhões, sem incluir mais uns dois terços de investimento na extensa linha de transmissão de energia. Tão incertos que todas as empreiteiras de tradição no setor pularam o balcão: deixaram de ser sócias no projeto de energia para se tornarem suas construtoras. Ao invés de investir, vão faturar com aquilo que mais sabem fazer: realizar a obra em si e, graças ao seu gigantismo, manter seu poder político.

Quem investirá? As estatais, é claro, e seus fundos, mas principalmente com o dinheiro do BNDES, que, não tendo tanto (prometeu entrar com 80% do valor necessário), teve que recorrer ao tesouro nacional; que, por sua vez, se desvia de suas funções mais nobres para garantir a sangria do erário.
De tanto mexer no projeto original de Belo Monte, que era inaceitável (só um regime de força podia impô-lo goela abaixo da nação, como aconteceu com Tucuruí e Itaipu), os engenheiros criaram um monstro, um Frankenstein energético.

Para que ele funcione, o governo (e, no fim da fila, o contribuinte) terá que pagar a fatura. Para que, ao menos no inverno, a maior hidrelétrica do país mande energia na direção sul. Apenas 3% ficarão na própria Amazônia.

Ao invés de fixar a riqueza da região, Belo Monte a sugará. Um modelo colonial com a marca do PT de Lula, de Dilma e de quem mais aparecer.

* Lúcio Flávio Pinto é editor do Jornal Pessoal, de Belém, Pará.
** Publicado originalmente no Jornal Pessoal e retirado do site IHU On-Line.

Carta Aberta para nossos Senhores/Amos Corporativos

Janeiro 25, 2010

Nota do Blog: Esta é uma tradução livre da carta original publicada no Blog do Warren. O contexto é americano, mas se olharmos o Brasil veremos como o sistema corporativo feudal é o mesmo. Basta ver o lucro obsceno dos bancos, instituições oficiais de agiotagem; ou a capacidade das corporações e dos coronéis do agronegócio de destruir nossas ricas matas e ainda mudar o Código Florestal, mesmo com zero apoio popular; ou dos usineiros das capitanias hereditárias, que achincalham a lealdade do brasileiro com o etanol e, não contentes, metem 20 trancas na porta que permitiria a entrada do carro elétrico no Brasil; ou das montadoras corporativistas de "carroças nacionais," que a despeito de cobrarem 3 vezes o que os veículos valem, ainda fazem lobby para impedir a entrada de carros asiaticos (os quais os forçaria a baixar os preços e aumentar a qualidade). O texto abaixo tem tudo a ver com a enferma tecno-civilização global e com o moderno feudalismo - reinventado e ardilmente disfarçado de democracia pela corrompida ideologia do egoísmo borbulhante e da competição cega.



Prezados  Senhores,

Por favor, desculpe minha presunção, em escrever diretamente para aos Senhores. Eu nem sei o tratamento correto para me dirigir aos Senhores, e temo que "Prezados Senhores" não expresse suficientemente o reconhecimento  das vastas diferenças entre nossa condição. A Suprema Corte do meu país (USA) conferiu recentemente a Vossas Senhorias os poderes que Vossas Senhorias tem procurado por muitos anos, e felicito Vossas Senhorias por esta vitória no Poder Judiciário. Espero que em breve seja seguida por vitórias em outros poderes também.
Deixe-me ser franco. Tenho muito medo de Vossas Senhorias. É apenas a minha relativa insignificância em relação aos grandes planos de Vossas Senhorias que me dá coragem de falar, pois eu tenho certeza que se de alguma forma eu produzisse qualquer inconveniência real a Vossas Senhorias, eu seria esmagado. Mesmo mencionar a possibilidade de que eu pudesse gerar qualquer inconveniência a Vossas Senhorias é uma presunção, eu sei, dada a nossa abissal diferença de poder e influência. Eu posso falar da minha Dignidade e de meus Direitos, mas sei que a única razão porque tenho Dignidade e Direitos é porque Vossas Senhorias permitem. Perdoem-me. Não quero ofender Vossas Senhorias, já que Vossas Senhorias tem em suas mãos (metaforicamente falando, claro, uma vez que Vossas Senhorias não tem mãos) o futuro de tudo que me é caro.
 
Prezo minha família, minha esposa, minha linda e precoce filha de cinco anos. Prezo o meu trabalho, sou professor de música, e que ocupação mais agradável poderia haver do que partilhar da música que amo com meus semelhantes? Prezo as belas florestas perto de minha casa, porque caminhar por entre as árvores altas acalma meu coração e diminui a intensidade de meus pensamentos. Prezo as memórias dos meus professores e suas influências, e daqueles que foram companheiros de viagem nesta vida. Prezo os incontáveis elos na corrente ​​humana - até onde nós, macacos inteligentes, chegamos em apenas algumas curtas dezenas de milhares de  anos!

Acima de tudo prezo a Teia da Vida, da qual sou parte. Quando contemplo minha Morte,  estou confortado ao saber que meu corpo é feito de Matérias da Terra e Matérias do Sol, e que acabará eventualmente servindo como alimento para outras Vidas.

O que me assusta em Vossas Senhorias, caros Amos, é que Vossas Senhorias não podem contemplar vossa Morte, porque Vossas Senhorias são imortais. E, porque Vossas Senhorias não são feitos do mesmo material que Nós, Vossas Senhorias não tem vínculos de simpatia com Nós.

Então eu não posso apelar para as melhores naturezas de Vossas Senhorias, já que para os padrões da vida Terrena, Vossas Senhorias não tem nenhuma boa natureza. Eu só posso apelar para as naturezas predatórias de Vossas Senhorias; estas, Vossas Senhorias tem em abundância.

Nos últimos dois séculos Vossas Senhorias construiram sistemas econômicos que dependem de Nossa disposição de transformar-nos em lixo; sistemas articulados sobre a exigência de que Nós continuemos a consumir a taxas cada vez maiores.  Não consumir é falhar com nosso dever para com Vossas Senhorias, nossos Amos e Mestres.
Porém, caros Amos, começamos recentemente a perceber que o poder do sistema econômico de Vossas Senhorias está matando o planeta em que vivemos. Inúmeras espécies estão morrendo todos os dias; nos anos e décadas vindouros milhões desaparecerão da Terra a uma taxa mais acelerada do que em qualquer momento da história de nosso planeta (exceto, é claro, no dia quando o Grande Meteoro bateu).  Temos consumido avidamente a Matéria Solar armazenada em nosso planeta (petróleo), como Vossas Senhorias Nos ordenaram... mas recentemente Nós descobrimos que queimar a Matéria Solar está aquecendo a nossa atmosfera.

Se isso continuar, Caros Amos, há uma grande probabilidade de que todos Nós vamos morrer. Não "morrer", como em "seres humanos morrem todos os dias", ou "seu cachorro morreu na semana passada", mas "morrer" como em "a Terra não será mais capaz definitivamente de suportar qualquer forma de vida, porque ela vai estar muito quente."

E, em seguida, Caros Amos, o que Vossas Senhorias fariam?


Faltando a substância física, não sendo feitos de Matérias Terrestres e Solares como nós somos, Vossas Senhorias não poderão ficar de pé sobre a superfície de um planeta cozido, perguntando para onde todos se foram. Vossas Senhorias podem ser imortais, mas mesmo imortais têm que comer, e nós alimentamos Vossas Senhorias. Embora Vossas Senhorias não sejam feitos do mesmo material que Nós, se Nós morrermos, assim também Vossas Senhorias obrigatoriamente morrerão, e as mortes de Vossas Senhorias serão solitárias.

Suponho que Vossas Senhorias não queiram isso.

E assim, Caros Amos, eu timidamente defendo minha causa.


Ajustem vossos Sistemas Econômicos somente um pouquinho, de modo que Vossas Senhorias possam maximizar vossos lucros a partir de Nós no longo prazo ao invés de realizar ganhos obcenos e destrutivos no curto prazo. Eu vou pagar a Vossas Senhorias o que ganhar e comprar o que me disserem para comprar; em mais uma década vou mostrar a minha pequena menina como obter o seu próprio cartão de crédito para que Ela possa também entrar no serviço de Vossas Senhorias. Eu não me importo de continuar a ser trabalhador escravo de Vossa Senhoria; eu não me importo se a minha filha e seus filhos e os filhos de seus filhos até a centésima geração permanecerem na servidão de Vossas Senhorias.

Mas Vossas Senhorias precisam mudar as coisas apenas um pouco, para que essas crianças possam viver. Caso contrário, ninguém vai ter a chance, porque a Terra estará morta e mortos estarão Vossas Senhorias também.

Caras Corporações, Vocês sozinhas tem o poder de redirecionar recursos suficientes neste mundo para corrigir os problemas que Vocês próprias causaram. Vocês são nossos Amos, Senhores Feudais da Modernidade. Está no seu interesse manter a Terra um lugar bom para se viver, para que Vocês possam continuar a Nos consumir por milhares de anos.

Se Vossas Senhorias fizerem isso, se Vossas Senhorias fizerem essas mudanças, então eu posso morrer satisfeito, sabendo que os elos da nossa Corrente Humana não vão acabar como escória na face de uma paisagem venusiana. E, talvez, minha cem vezes-grande tataraneta e seus contemporâneos Humanos possam encontrar uma maneira de superar o Dominio de Vossas Senhorias, e viver livremente e pacificamente, sem desperdícios, dissipação ou guerra, em uma boa Terra, verde e azul, repleta de vida abundante. Isso é tudo que eu quero: apenas saber que as crianças terão uma chance, daqui a alguns séculos.

Agradeço a Vossas Senhorias por ouvir, se Vossas Senhorias estiverem ouvindo.

Vosso súdito mais humilde e abjeto,

WarrenS

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

US Joins Transparency Initiative Amid Open Government Launch

The U.S. committed to implementing the Extractive Industries Transparency Initiative as part of the launch of the Open Government Partnership, President Barack Obama said Tuesday.

Mandel Ngan.Agence France-Presse/Getty Images
U.S. President Barack Obama speaks at the Open Government Partnership event on Sept. 20, 2011, at the Waldorf Astoria Hotel.
The U.S was one of eight nations on Tuesday to release their commitments to the Open Government Partnership, a multilateral initiative devoted to supporting national efforts to promote transparency, fight corruption, strengthen accountability and empower citizens. The partnership, according to a White House fact sheet, was led by a steering committee that included governments and civil society organizations from across the globe.
“We pledge to be more transparent, at every level—because more information on government activities should be open, timely and freely available to our people,” Obama said at the Waldorf Astoria hotel in New York, according to prepared remarks.
Obama said Tuesday that in addition to implementing rules governing transparency in the oil, gas and mining sectors, the U.S. will commit to joining the The Extractive Industries Transparency Initiative, or EITI.
The EITI is a multi-stakeholder group that advocates for disclosing payments made to foreign governments by oil, gas and mining companies. A provision of the Dodd-Frank Act mandated such payments be disclosed, but the rules governing the program have yet to be implemented. Though proposed in December, the final rules are scheduled to be released by the end of the year.
“It’s game-changing, both for domestic reasons by bringing greater clarity to what’s going on in the sector and hugely significant in terms of building a global standard” said Jonas Moberg, head of secretariat for the EITI, in an interview on the sidelines of a separate Open Government Partnership launch in New York.
In addition to the disclosure by American companies doing business overseas, the U.S. sees joining the EITI as a way to make sure “taxpayers receive every dollar they’re due from the extraction of our natural resources,”  Obama said.
In other words, an international initiative need not only influence U.S. engagement abroad.
Joining the U.S. in shepherding the partnership to fruition was Brazil, which has seen five cabinet-level officials leave government in the last nine months amid corruption scandals. Both Obama and Brazilian President Dilma Rousseff hosted a meeting of the heads of state at the Waldorf to announce the partnership’s launch; another 38 nations said they will have action plans by March 2012, when the partnership meets next in Brazil.
Along with the U.S. and Brazil, the other nations that delivered their commitments for Tuesday’s launch were Indonesia, Mexico, Norway, Philippines, South Africa and the U.K.
The U.S., according to its action plan (pdf), committed to promoting public participation in government, which included a petition platform; modernizing the management of government records; improving the administration of the Freedom of Information Act; declassifying national security information; improving agency open government plans; strengthening whistleblower protections; enhancing its enforcement of existing regulations; and advocating for legislation requiring disclosure of beneficial ownership of corporations.
On many of these issues of government openness, the Obama administration has been criticized, notably from the left as well as from political opponents to his right. For example, Salon.com blogger Glenn Greenwald has written about an “unprecedented war on whistleblowers” taken on by the Obama administration despite a pledge issued during the administration’s transition that the Obama Justice Department would protect leakers.
In Tuesday’s Open Government Partnership plan, the U.S. said it would use executive power to expand whistleblower protections should Congress not act, though it noted that “statutory reform is preferable.”
Anti-graft activists praised other elements underpinning the U.S. plan.
“Requiring companies to disclose their ultimate owner when they form will make it much harder for corrupt politicians, tax evaders and other criminals to hide their identities behind anonymous American shell companies in order to launder illicit proceeds through U.S. banks,” wrote Stefanie Ostfeld, a policy adviser for Global Witness, in an email.

O corruptor

21/9/2011 - 09h56
por Valdemiro A. M. Gomes*
1168 300x231 O corruptor

A Transparência Internacional (TI) apontava, julgo que em 2007, o Brasil e China juntos, com a pontuação de 3,3, em lista na qual o Haiti, com pontuação 1,8, era o mais corrupto, e Finlândia, Islândia e Nova Zelândia, com 9,6, os menos. Os estudos indicavam que os mais corruptos são os de maior desigualdade social, os mais pobres e os menos democráticos.

E os mais corruptores?

Não conheço pesquisa, mas julgo não errar em afirmar que são empresas sediadas, escondidas, em paraísos fiscais. Você sabia que as ilhas Cayman, com produção zero de petróleo, é um grande exportador de petróleo para o Brasil? Será que o Brasil trata com rigor a corrupção? Quantos corruptores no Brasil já foram presos? Você sabia que o homem mais rico da China em 2008, o empresário Huang Guangyu, com fortuna avaliada em US$ 6,3 bilhões, foi condenado a quatorze anos de prisão e pagamentos de inúmeras e vultosas multas? O mundo começa a aperceber-se de que a corrupção não é apenas um problema político. A corrupção é um entrave a que o mundo saía da crise, que volte a desenvolver-se. Um diretor do FMI, Vito Tanzi, afirmou que o combate à corrupção será uma das principais frentes de batalha neste século. A sonegação de impostos começa a asfixiar os Estados, coloca em risco a economia de mercado.

O melhor freio contra a corrupção é a intolerância do público, do cidadão. A sociedade brasileira começa a usar as novas ferramentas da democracia. O projeto de lei PLS 204/11, que pretende incluir a corrupção na lei dos crimes hediondos, recebeu o apoio, via internet, de quase quinhentos mil brasileiros. Lamentável que a mídia não tenha divulgado a enquete que o Senado promoveu demonstrando que precisa ser repensada.

Em meu pensar, o projeto de lei em tramitação devia ser aperfeiçoado, com uma redefinição do que seja corrupção. A Inglaterra acaba de aprovar a Bribery Act, lei da propina, que nossos senadores deviam estudar. O conceito de corrupção não deve mais ser restrito à esfera pública. A corrupção comercial é talvez o pior dos cânceres de corrupção e o corruptor, a maçã do pecado.

Fui empresário da construção civil por vários anos. Nunca consegui levantar voo na área de construção pública inclusive quando amigos ocuparam cargos superiores no Estado e na União. A terra não tinha o pH para minha semente. Ainda tentei, mas sempre era chamado para uma “reunião” com os demais concorrentes. Reuniões secretas, sigilosas. Como sempre tive medo do escuro, desisti e fui plantar em outras terras. A prática de acerto de preço entre companhias que concorrem em licitações, ferindo a livre concorrência, devia ser incluída na lei da corrupção.

No passado, em várias semeaduras, escrevi sobre as causas e males da corrupção. Hoje, quando é notória a insolvência das finanças públicas das nações, inclusive das chamadas ricas, o combate à corrupção ganha força. É necessário rediscutir e redefinir conceitos e leis. Os governos sabem que não adianta mais abrir a torneira dos impostos se o ralo não for consertado.

Como consertar o ralo?

Com o aperfeiçoamento da lei da Transparência, com a proibição de que parlamentares, ministros e outros altos funcionários públicos possam ser sócios de empresas que negociem com o Estado, com a redefinição do que seja sigilo bancário, com uma lei mais dura contra os corruptos e especialmente contra os corruptores, com canais seguros que permitam ao cidadão ser um fiscal do Estado, e a inclusão no ensino escolar dos males do que seja a corrupção, são as minhas sugestões.

Lembre-se: não existe corrupção se não existir um corruptor. A mídia precisa focar no corruptor, tanto ou mais do que no corrupto.

* Valdemiro A. M. Gomes – valdemiro@interconect.com.br.
(O Autor)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Editoras na berlinda



“Para obter o conhecimento pelo qual já pagamos, devemos renunciar a nossas posses em benefício dos senhores da sapiência” (George Monbiot)

As editoras de revistas científicas foram objeto de uma polêmica inflamada na internet durante a semana que passou. A discussão foi desencadeada por uma coluna do ambientalista George Monbiot no jornal The Guardian, que as definiu como “os capitalistas mais impiedosos do mundo ocidental” e as acusou de violar o direito humano de acesso ao conhecimento. A mais ácida das reações despertadas pelo artigo veio de um editor do grupo Nature, para quem Monbiot usou argumentos simplistas e ignorou mudanças recentes do mercado editorial.

O conhecimento científico é veiculado atualmente na forma de artigos publicados em revistas especializadas. As editoras responsáveis por esses periódicos recebem os artigos de pesquisadores, encaminham-nos para a revisão de especialistas e publicam aqueles que forem aprovados.
Algumas revistas são mantidas por sociedades científicas ou por universidades, mas há também aquelas editadas por organizações privadas que buscam o lucro com a sua publicação. As maiores editoras pertencem a esse grupo: as três mais importantes – Elsevier, Springer e Wiley-Blackwell – respondem por 42% do mercado da publicação científica, segundo dados de Monbiot. E são justamente elas o objeto das críticas incisivas de seu artigo.

O ambientalista britânico não economizou bile ao caracterizar as editoras. Suas práticas monopolistas, escreveu Monbiot, “fazem o Walmart parecer uma mercearia de esquina e Rupert Murdoch um socialista”, referindo-se ao dono de um dos maiores impérios midiáticos do mundo. O monopólio do conhecimento exercido pelas editoras é comparado por ele aos laços de suserania e vassalagem da Idade Média e descrito como “parasitismo econômico”.

O maior foco dos ataques de Monbiot é a ganância das editoras. Elas cobram caro – até 42 dólares por um único artigo científico – por um produto que lhes custa muito pouco, alegou o articulista. De fato, nem os autores nem os revisores dos artigos publicados e rejeitados são remunerados. Isso explicaria, prossegue ele, os lucros astronômicos desses empreendimentos. Em seu balanço de 2010 divulgado on-line, a Elsevier alegou ter tido um lucro operacional de 847 milhões de euros, ou 36% de sua receita.

Em protesto contra o alto preço individual dos artigos científicos, um internauta publicou, em julho deste ano, um pacote com mais de 18 mil artigos científicos no site de compartilhamento de arquivos The Pirate Bay. “Se eu puder retirar um dólar que seja dos rendimentos ganhos de forma maléfica por uma indústria venenosa que age para suprimir o entendimento histórico e científico, nesse caso qualquer custo pessoal que eu possa ter que pagar terá valido a pena”, escreveu ele para se justificar.
Monbiot enxerga na operação das editoras científicas um monopólio de recursos públicos, já que boa parte da ciência é financiada pela sociedade, por meio de agências governamentais. Para ele, a prática configuraria ainda uma violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que prevê o direito a participação da sociedade nos avanços da ciência e em seus benefícios. De nada adiantariam, segundo o ambientalista, iniciativas como as revistas de acesso aberto ou repositórios livres como o arXiv – os cientistas não podem se dar ao luxo de deixar de ler os periódicos de acesso fechado, alega ele.

Repercussão

As críticas de Monbiot reverberaram junto ao público do Guardian. Uma leitora escreveu ao jornal para lembrar que, não contentes em não pagar pelo conteúdo que publicam, alguns periódicos de alto impacto cobram taxas variadas dos cientistas para veicular seus artigos. Mas houve também quem relativizasse as críticas: um professor universitário lembrou que muitos centros de pesquisa e agências de fomento exigem de seus pesquisadores que depositem cópias de seus arquivos em repositórios institucionais de livre acesso.

Esse argumento foi lembrado também por Noah Gray, editor do grupo Nature, responsável pela publicação de um dos periódicos de maior prestígio no mundo. Numa réplica ao artigo de Monbiot publicada em seu perfil do Google+ (na qual sequer cita o nome do ambientalista), Gray acusa Monbiot de ter escrito um artigo exagerado, que retoma em tom maniqueísta as mesmas críticas que vêm sendo feitas há anos às editoras científicas.

Ele alegou que Monbiot foi demasiadamente simplista em algumas de suas críticas. “A discussão de que o público paga pela pesquisa é um tanto mais complicada do que a forma como foi descrita no artigo”, escreveu. Gray lembrou ainda que seu grupo editorial – que responde por cerca de 1% do mercado e não foi citado nominalmente no artigo do Guardian – edita algumas publicações de acesso aberto e disponibiliza gratuitamente artigos para leitores de países em desenvolvimento. O grupo Nature, acrescentou, tem adotado também medidas de flexibilização das formas de pagamento, notadamente em seus aplicativos para dispositivos móveis. “O autor do artigo poderia ter dado um telefonema para saber mais sobre essas estratégias se assim o desejasse”, provocou o editor. “Aparentemente, não foi o caso.”

A discussão sobre o acesso ao conhecimento científico ferve na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, o debate não alcançou a mesma temperatura, muito porque o acesso à literatura técnica é subsidiado pelo governo por meio do Portal de Periódicos da Capes, que representa para os contribuintes um custo anual da ordem de 40 milhões de dólares. Ainda assim, a iniciativa beneficia apenas os cientistas ligados a universidades ou centros de pesquisa e exclui os pesquisadores independentes. Como lembrou um leitor do Guardian, falando noutro contexto, “quem quer que não seja um membro de uma universidade está excluído do debate acadêmico”.

Arte: O direito do Senhor, tela de 1874 do pintor russo Vasiliy Polenov (1844-1927)
original deste artigo no Blog Piauí, Questões de Ciência

Leia também:
Raio-X da ciência aberta
Presságio do futuro

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os Barões da Aprendizagem

The Guardian 30th August 2011

The Lairds of Learning

George Monbiot

How did academic publishers acquire these feudal powers?

Who are the most ruthless capitalists in the Western world? Whose  monopolistic practices makes WalMart look like a corner shop and Rupert  Murdoch look like a socialist? You wont guess the answer in a month of  Sundays. While there are plenty of candidates, my vote goes not to the  banks, the oil companies or the health insurers, but  wait for it  to  academic publishers. Theirs might sound like a fusty and insignificant  sector. It is anything but. Of all corporate scams, the racket they run is  most urgently in need of referral to the competition authorities.

Everyone claims to agree that people should be encouraged to understand  science and other academic research. Without current knowledge, we cannot  make coherent democratic decisions. But the publishers have slapped a  padlock and a Keep Out sign on the gates.

You might resent Murdochs paywall policy, in which he charges £1 for 24  hours of access to the Times and Sunday Times. But at least in that period  you can read and download as many articles as you like. Reading a single  article published by one of Elseviers journals will cost you $31.50(1).  Springer charges Eur34.95(2), Wiley-Blackwell, $42(3). Read ten and you pay  ten times. And the journals retain perpetual copyright. You want to read a  letter printed in 1981? Thatll be $31.50(4).

Of course, you could go into the library (if it still exists). But they too  have been hit by cosmic fees. The average cost of an annual subscription to  a chemistry journal is $3,792(5). Some journals cost $10,000 a year or more  to stock. The most expensive Ive seen, Elseviers Biochimica et Biophysica  Acta, is $20,930(6). Though academic libraries have been frantically  cutting subscriptions to make ends meet, journals now consume 65% of their  budgets(7), which means they have had to reduce the number of books they  buy. Journal fees account for a significant component of universities  costs, which are being passed to their students.

Murdoch pays his journalists and editors, and his companies generate much  of the content they use. But the academic publishers get their articles,  their peer reviewing (vetting by other researchers) and even much of their  editing for free. The material they publish was commissioned and funded not  by them but by us, through government research grants and academic  stipends. But to see it, we must pay again, and through the nose.

The returns are astronomical: in the past financial year, for example,  Elseviers operating-profit margin was 36% (£724m on revenues of £2  billion)(8). They result from a stranglehold on the market. Elsevier,  Springer and Wiley, who have bought up many of their competitors, now  publish 42% of journal articles(9).

More importantly, universities are locked into buying their products.  Academic papers are published in only one place, and they have to be read  by researchers trying to keep up with their subject. Demand is inelastic  and competition non-existent, because different journals cant publish the  same material. In many cases the publishers oblige the libraries to buy a  large package of journals, whether or not they want them all. Perhaps its  not surprising that one of the biggest crooks ever to have preyed upon the  people of this country – Robert Maxwell – made much of his money through  academic publishing.

The publishers claim that they have to charge these fees as a result of the  costs of production and distribution, and that they add value (in Springers  words) because they develop journal brands and maintain and improve the  digital infrastructure which has revolutionized scientific communication in  the past 15 years.(10) But an analysis by Deutsche Bank reaches different  conclusions. We believe the publisher adds relatively little value to the  publishing process … if the process really were as complex, costly and  value-added as the publishers protest that it is, 40% margins wouldnt be  available.(11) Far from assisting the dissemination of research, the big  publishers impede it, as their long turnaround times can delay the release  of findings by a year or more(12).

What we see here is pure rentier capitalism: monopolising a public resource  then charging exorbitant fees to use it. Another term for it is economic  parasitism. To obtain the knowledge for which we have already paid, we must  surrender our feu to the lairds of learning.

Its bad enough for academics, its worse for the laity. I refer readers to  peer-reviewed papers, on the principle that claims should be followed to  their sources. The readers tell me that they cant afford to judge for  themselves whether or not I have represented the research fairly.  Independent researchers who try to inform themselves about important  scientific issues have to fork out thousands(12). This is a tax on  education, a stifling of the public mind. It appears to contravene the  Universal Declaration of Human Rights, which says that everyone has the  right freely to … share in scientific advancement and its benefits.(13)

Open-access publishing, despite its promise, and some excellent resources  such as the Public Library of Science and the physics database arxiv.org,  has failed to displace the monopolists. In 1998 the Economist, surveying  the opportunities offered by electronic publishing, predicted that the days  of 40% profit margins may soon be as dead as Robert Maxwell.(14) But in  2010 Elseviers operating profit margins were the same (36%) as they were in  1998(15).

The reason is that the big publishers have rounded up the journals with the  highest academic impact factors, in which publication is essential for  researchers trying to secure grants and advance their careers(16). You can  start reading open-access journals, but you cant stop reading the closed  ones.

Government bodies, with a few exceptions, have failed to confront them. The  National Institutes of Health in the US oblige anyone taking their grants  to put their papers in an open-access archive(17). But Research Councils  UK, whose statement on public access is a masterpiece of meaningless  waffle, relies on the assumption that publishers will maintain the spirit  of their current policies.(18) You bet they will.

In the short-term, governments should refer the academic publishers to  their competition watchdogs, and insist that all papers arising from  publicly-funded research are placed in a free public database(19). In the  longer term, they should work with researchers to cut out the middleman  altogether, creating, along the lines proposed by Bjorn Brembs, a single  global archive of academic literature and data(20). Peer-review would be  overseen by an independent body. It could be funded by the library budgets  which are currently being diverted into the hands of privateers.

The knowledge monopoly is as unwarranted and anachronistic as the Corn  Laws. Lets throw off these parasitic overlords and liberate the research  which belongs to us.

www.monbiot.com

References:

1. I sampled costs in these Elsevier journals: Journal of Clinical  Epidemiology; Radiation Physics and Chemistry and Crop Protection, all of  which charge US$31.50. Papers in a fourth publication I checked, the  Journal of Applied Developmental Psychology, cost US$35.95.

2. I sampled costs in these Springer journals: Journal of Applied  Spectroscopy, Kinematics and Physics of Celestial Bodies and Ecotoxicology,  all of which charge Eur34.95.

3. I sampled costs in these Wiley-Blackwell journals: Plant Biology;  Respirology and Journal of Applied Social Psychology, all of which charge  US$ 42.00.

4. I went into the archive of Elseviers Applied Catalysis, and checked the  costs of the material published in its first issue: April 1981.

5. Bjorn Brembs, 2011. Whats Wrong with Scholarly Publishing Today? II.  http://www.slideshare.net/brembs/whats-wrong-with-scholarly-publishing-today-ii

6.  http://www.elsevier.com/wps/find/journaldescription.cws_home/506062/bibliographic

7. The Economist, 26th May 2011. Of goats and headaches.  http://www.economist.com/node/18744177

8. The Economist, as above.

9. Glenn S. McGuigan and Robert D. Russell, 2008. The Business of Academic  Publishing: A Strategic Analysis of the Academic Journal Publishing  Industry and its Impact on the Future of Scholarly Publishing. Electronic  Journal of Academic and Special Librarianship, volume 9, number 3.

http://southernlibrarianship.icaap.org/content/v09n03/mcguigan_g01.html

10. Springer Corporate Communications, 29th August 2011. By email. I spoke  to Elsevier and asked them for a comment, but I have not received one.

11. Deutsche Bank AG,  11th January 2005. Reed Elsevier: Moving the  Supertanker. Global Equity Research Report.  Quoted by Glenn S. McGuigan  and Robert D. Russell, as above.

12. John P. Conley and Myrna Wooders, March 2009. But what have you done  for me lately? Commercial Publishing, Scholarly Communication, and  Open-Access. Economic Analysis  Policy, Vol. 39, No. 1.  www.eap-journal.com/download.php?file=692

13. Article 27. http://www.un.org/en/documents/udhr/index.shtml#a27

14. The Economist, 22nd January 1998. Publishing, perishing, and peer  review. http://www.economist.com/node/603719

15. Glenn S. McGuigan and Robert D. Russell, as above.

16. See Glenn S. McGuigan and Robert D. Russell, as above.

17. http://publicaccess.nih.gov/

18. http://www.rcuk.ac.uk/documents/documents/2006statement.pdf

19. Danny Kingsley shows how a small change could make a big difference:  Currently all universities collect information about, and a copy of, every  research article written by their academics each year. … But the version of  the papers collected is the Publisher’s PDF. And in most cases this is the  version we cannot make open access through digital repositories. … the  infrastructure is there and the processes are already in place. But there  is one small change that has to happen before we can enjoy substantive  access to Australian research. The Government must specify that they  require the Accepted Version (the final peer reviewed, corrected version)  of the papers rather than the Publisher’s PDF for reporting.

http://theconversation.edu.au/how-one-small-fix-could-open-access-to-research-2637

20. Bjorn Brembs, as above.